quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sobre os olhos do meu amor

       Nem que chova forte
       canivete, gilete
       no sul e norte
       aquela chuva insecável
       que cai doida sem aviso
       a tudo alaga
       e depois pára,
       nada disso se compara
       ás sobrancelhas do meu amor
       Ainda que faça calor
       essas curvas, esse feixe de expressão e frescor
       prepara as olhadas
       Esses espessos grafites
       emolduram as embocaduras

       de todas as máscaras dele
       e nenhuma delas esconde nada
       todas empunham
       ambas artimanham
       o dengo dele
       a coragem dele
       Nada lateja
       Nada verdeja
       sem a elas perguntar, consultar
       pra que lado volvem, resolvem,
       a que correnteza sugerem
       Essa arquitextura consegue
       me fazer mulher e menina
       gigante e anã
       dama e cortesã.

       Essas sobrancelhas parecem
       uma obra nova
       inspiração não vã.
       parecen rodin.

                          Sampa, 6 de julho de 1995

                Autora: Elisa Lucinda

    

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